Uma Avaliação dos 2520
Escrito por Ty Gibson
Recentemente tem havido um aumento de interesse no que tem sido chamado de “A Profecia dos 2520.” A fonte principal desses ensinos é Jeff Pippenger. Recentemente tive a oportunidade de conhecer um grupo de irmãos conectados com Pippenger e ouvir as informações a favor dos 2520.
Neste estudo, oferecerei o que começou meramente como notas particulares com relação aos 2520, enquanto eu tentava, pela graça de Deus, compreendê-lo. Meu objetivo tem sido avaliar os 2520 com uma mente aberta e, simplesmente, permitir que a Bíblia e o Espírito de Profecia tenham seu peso. Eu tenho navegado pelo tópico, na maior parte do tempo, com uma série de perguntas que naturalmente me ocorrem sobre o mesmo e, então, escrevi alguns problemas que devem ser superados se os 2520 devessem permanecer firmes como uma profecia de tempo.
Comecei com a premissa de que a Bíblia e o Espírito de Profecia são inspirados pelo Espírito Santo e, sendo assim, devem claramente testemunhar dos 2520 caso seja, realmente, uma verdade vital que mereça atenção e proclamação.
“Vi que os santos precisam alcançar completa compreensão da verdade presente, a qual eles serão obrigados a sustentar pelas Escrituras”. (Primeiros Escritos p. 87).
“Mas Deus terá sobre a terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas”. (O Grande Conflito p. 595).
Seja qual for a verdade para nosso tempo, precisamos estar habilitados a convincentemente declará-la por meio da Palavra de Deus. Isto é ainda mais necessário para um tópico que tenha o status de “uma verdade de teste” e “uma mensagem da chuva serôdia,” como tem sido afirmado acerca dos 2520. Não posso ter outra posição a não ser acreditar que uma mensagem ocupando tal sagrado território deva ser claramente evidente na Bíblia, a qual me traz à mente a primeira questão.
São os 2520 claramente evidentes nas Escrituras?
É nos dito que a profecia dos 2520 anos é encontrada em Levítico 26. O que eu encontrei na leitura deste capítulo é uma mensagem simples, clara e direta.
A gramática é linear e sucessiva. Deus diz a Israel: “se vocês não obedecerem meus mandamentos, então eu trarei as maldições A, B e C sobre vocês. Então, se vocês não corresponderem às medidas corretivas de A, B e C, arrependendo-se e obedecendo meus mandamentos, trarei sobre vocês as maldições D, E e F. Então se vocês não se arrependerem, trarei as maldições G, H e I sobre vocês. E se, ainda assim, vocês não se arrependerem, então trarei as maldições X, Y e Z sobre vocês.” A lista de ameaças e punições é diferente e piora a cada vez, tornando-se evidente que o intuito da gramática é transmitir a ideia de sucessão, não de repetição.
Notem a linguagem.
Primeiramente, uma lista de mandamentos e bênçãos por sua observância é listada nos versos 1-13. Depois disso, Deus diz: “Mas, se não ouvirdes, e não cumprirdes todos estes mandamentos… Então eu também vos farei isto…” Então, uma lista de maldições segue-se nos versos 14-17. Depois Deus diz: “E, se ainda com estas coisas não me ouvirdes, então eu prosseguirei a castigar-vos sete vezes mais por causa dos vossos pecados,” seguido de uma segunda lista de maldições (versos 18-20). Então Deus diz: “E se andardes contrariamente para comigo, e não me quiserdes ouvir, trar-vos-ei pragas sete vezes mais conforme os vossos pecados” (verso 21). E Deus continua dizendo: “Se ainda com estas coisas não vos corrigirdes voltando para mim, mas ainda andardes contrariamente para comigo, eu também andarei contrariamente para convosco, e eu, eu mesmo, vos ferirei sete vezes mais por causa dos vossos pecados,” seguido de uma lista de maldições diferentes e mais severas (versos 24-26). Então, pela última vez, Deus diz: “E se com isto não me ouvirdes, mas ainda andardes contrariamente para comigo, também eu para convosco andarei contrariamente em furor; e vos castigarei sete vezes mais por causa dos vossos pecados,” seguido de uma lista diferente e ainda mais severa de maldições (versos 27-39).
Clara e simplesmente, Levítico 26 traz uma linear, sucessiva e cumulativa descrição de maldições que, gradualmente, se intensificam. O Senhor afirma quatro vezes que, se certas medidas não reformarem Israel, então, estas coisas ficarão piores, e ainda piores, e cada vez piores. A ideia de que Deus está dizendo a mesma coisa quatro vezes, ou até mesmo duas vezes, com o propósito de transmitir uma profecia de tempo dos 2520 anos (como os diagramas de 1843 e 1850 sugerem) ou mesmo duas profecias de tempo dos 2520 anos (como alguns Mileritas e o movimento atual sugere) simplesmente não está presente na superfície desta passagem. E isto é um grande obstáculo para mim.
Isto me leva à minha segunda questão com relação aos 2520.
Constituiria os 2520 uma “segunda testemunha” à profecia dos 2300 dias, e testificariam eles do Evangelho como a profecia dos 2300 dias faz?
Os que advogam os 2520 os apresentam como a segunda testemunha necessária à profecia dos 2300 dias. Eles arrazoam que se “as sete vezes” de Levítico 26 não for uma profecia de tempo, então a profecia dos 2300 dias não possui uma segunda testemunha nas Escrituras; assim sendo, conclui-se que a profecia dos 2300 dias fica enfraquecida se não tivermos os 2520 para sustentá-la e testificar de sua veracidade.
Esta necessidade de uma “segunda testemunha” é baseada em Deuteronômio 19:15: “… pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato.” (Os advogados dos 2520 tomam este verso, e o uso de Paulo acerca dele, como um princípio necessário para o estudo da Bíblia. Enquanto é claro, quando lido no contexto, que este verso não é intencionado a estabelecer um princípio de estudo da Bíblia. Eu irei abordar a necessidade considerada de uma segunda testemunha a Daniel 8, como se uma segunda testemunha fosse necessária).
Na realidade, constitui os 2520 uma “segunda testemunha” à profecia dos 2300 dias? A essência dos 2520 é que Israel ficou sob a maldição/punição de Deus começando em 677 aC e durou até 1844.
Para começar, há vários problemas evidentes com esta afirmação.
Primeiramente, a profecia dos 2300 dias faz uma afirmação contrária, nomeadamente que Israel receberia, não uma maldição de 2520 anos, mas, em vez disso, um período de provação de 490 anos, indo de 457 aC até 34 dC, “… para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo”. (Daniel 9:24).
Mas a profecia de Daniel avança um passo vital adiante, indicando que o próprio Messias viria, como o antítipo máximo da personificação de Israel, e cumpriria todas as condições da aliança e, assim, as bênçãos da aliança continuariam através da história sobre Israel espiritual. A profecia dos 2300 dias essencialmente declara a continuação das bênçãos da aliança de Deus com Israel pela promessa de que Cristo viria para “confirmar a aliança” pela Sua morte auto-sacrificial na cruz (Daniel 9:27).
A ideia que Israel ficou sob a maldição de Deus em 677 aC e continuou sob esta maldição através da história de Israel e subsequentemente através da história Cristã até 1844, parece-me ser uma contradição direta à mensagem da profecia dos 2300 dias. Novamente, a profecia dos 2300 dias declara a continuação das bênçãos da aliança de Deus através de Cristo, enquanto a mensagem dos 2520 coloca Israel (e a Igreja) sob a maldição de Deus até 1844.
Se a essência do Evangelho é a aliança do Amor de Deus, prometida através dos profetas e mantida fielmente em Cristo, então é difícil não ver nestas afirmações dos advogados dos 2520 como que, involuntariamente, sugerindo uma falha na promessa da aliança de Deus e, assim sendo, involuntariamente, construindo um ensinamento que corre contrariamente às boas novas do Evangelho.
E há mais a considerar nesta mesma linha de pensamento.
Suficientemente interessante, em harmonia com Daniel 8 e 9, encontramos incorporado em Levítico 26 uma declaração maravilhosa de que a promessa da aliança de Deus será cumprida em Cristo. No final de Levítico 26, depois de delinear a sucessão intensificada de maldições, Deus profetiza do Messias:
“Também eu me lembrarei da minha aliança com Jacó, e também da minha aliança com Isaque, e também da minha aliança com Abraão me lembrarei…” (verso 42).
Esta é a promessa conclusiva de Levítico 26, e claramente aponta para Cristo. Note a linguagem usada para declarar o cumprimento do Novo Testamento enquanto Maria cantava o cumprimento da promessa da aliança:
“Auxiliou a Israel seu servo, recordando-se da sua misericórdia; como falou a nossos pais para com Abraão e a sua posteridade, para sempre.” (Lucas 1:54-55).
Também Zacarias declarou:
“Bendito o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo, e nos levantou uma salvação poderosa na casa de Davi seu servo. Como falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo… e lembrar-se da sua santa aliança, e do juramento que jurou a Abraão nosso pai.” (Lucas 1:68-73).
Claramente, a benção prometida da aliança de Levítico 26 teve seu cumprimento em Cristo, e não nas suas anteriores ameaças de maldições.
Surpreendente luz é emitida da leitura do Cântico completo de Maria e da profecia inteira de Zacarias quando comparados a Levítico 26. O leitor notará que muito da linguagem de Lucas 1 é tirada de Levítico 26; NÃO como uma confirmação das maldições, mas, ao invés disso, como uma anulação das maldições. Em Cristo a ameaçadora maldição contra o desobediente é levantada e removida porque Ele carregou a maldição sobre Si Mesmo. Levítico 26 primeiramente oferece uma terrível representação da maldição do pecado, mas depois oferece uma promessa tremenda de que a maldição falhará em nos esmagar, pois Cristo virá como nosso libertador que levou sobre si nossos pecados. A verdadeira mensagem de Levítico 26 é uma rica proclamação do Evangelho, não uma maldição de dois milênios e meio.
Levítico 26 grita: “Também eu me lembrarei da minha aliança”. (Levítico 26:42). A maldição não prevalecerá! A promessa da aliança será mantida! O Messias virá e será cumprida a promessa da graça salvadora de Deus!
O Novo Testamento anuncia: O Senhor Deus de Israel tem “lembrado de Sua Santa Aliança, o juramento que ele jurou ao nosso pai Abraão” (Lucas 72 e 73). Certamente, Ele veio exatamente como prometeu! Deus fez o que havia dito que faria!
A meu ver, interpretar as “sete vezes” de Levítico 26 como uma maldição de 2520 anos que percorre sobre Cristo até 1844 não pode reter a integridade da promessa do evangelho profetizada em Levítico 26:42. A mensagem geral do evangelho de Levítico 26 parece proibir a interpretação das “sete vezes” em Levítico 26 como uma maldição de 2520 anos que se estenderiam pelo ministério de Cristo até 1844.
Tem a profecia dos 2300 dias alguma outra “segunda testemunha” elegível nas Escrituras?
Sim, tem. Na verdade tem mais do que uma segunda testemunha. Tem pelo menos uma terceira e quarta testemunhas também. Jesus, Paulo e João – todos testemunham da veracidade da profecia dos 2300 dias.
Quando Jesus começou seu ministério público, Ele anunciou: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho”. (Marcos 1:15).
A que “tempo” está Jesus se referindo? Como uma confirmação da profecia dos 2300 dias, “o tempo” do qual Cristo fala era nenhum outro além do segmento das 70 semanas da profecia dos 2300 dias. Jesus estava declarando que o tempo da profecia de Daniel estava chegando ao seu cumprimento através do Seu ministério. (Estudiosos Adventistas do Sétimo Dia têm reconhecido este fato, pelo menos nos últimos 30 anos, remontando-se a Conferência Geral do nomeado Comitê de Daniel e Apocalipse).
Pelo final de Seu ministério público, Jesus novamente apontou à profecia de Daniel:
“Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, entenda; então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes”. (Mateus 24:15-16).
O segmento específico de Daniel que Jesus aqui designa é a visão de Daniel 8 e 9, à qual a profecia dos 2300 dias pertence. Novamente então, Jesus confirma a visão de Daniel.
Paulo também testifica da profecia dos 2300 dias quando escreve:
“Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.” (Romanos 5:6).
E em terceiro lugar, em Apocalipse, João testifica da profecia dos 2300 dias/anos em sua maravilhosa visão do Movimento Adventista e da abertura do julgamento em 1844 (Apocalipse 10-11).
A ideia dos 2520 anos de maldição/punição representa corretamente o caráter de Deus?
Em Levíticos 26:21 o termo “conforme os vossos pecados” é empregado para indicar que a punição pronunciada é justa e que está relacionada aos pecados cometidos. Como pode ser concebível que uma maldição de 2520 anos, de várias gerações, corporativa/nacionalmente seja uma punição justa, “conforme os vossos pecados”?
As Escrituras ensinam explicitamente que: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele”. (Ezequiel 18:20). Biblicamente falando, a extensão de uma maldição geracional pode se estender apenas por um máximo de três ou quatro gerações, e isto não como uma maldição arbitrariamente imposta, mas como um reconhecimento divino da extensão do efeito residual do pecado de uma geração para a outra (Números 14:18; Êxodo 20:5-6). Mas interpretar as “sete vezes” de Levítico 26 para impor uma maldição/punição de 2520 anos, 63 gerações, põe em cheque a afirmação clara da Palavra de Deus de que a punição não se estenderá além de quatro gerações. Devemos nós crer que Deus, essencialmente, disse ao antigo Israel: “Se esta geração presente de Israelitas não me obedecer, eu vou puni-los e a seus descendentes por 2520 anos”? Parece-me que isto desafia a declaração Bíblica de que Deus não punirá desta maneira e parece-me também retratar a Deus como severo e arbitrário.
Além disso, que justificação bíblica há para uma maldição/punição que começa sobre Israel literal e, então, continua em vigor sobre Israel espiritual? Se as “sete vezes” de Levítico 26 são tomadas para significar uma maldição de 2520 anos, então é inevitável que a igreja do Novo Testamento estava sob a maldição de Deus do tempo de Cristo até 1844. Em que base Bíblica nós construímos este tipo de conceito?
Qual é a fonte do corrente ressurgimento dos 2520 e de que forma isto está sendo oferecido à igreja?
O movimento que está avançando os 2520 assegura seus ensinamentos entre um grande pacote de ideias, o qual inclui o seguinte:
- Que o ataque terrorista de 11/09/2001 é o cumprimento do “terceiro aí” trazido à vista pela sétima trombeta (Apocalipse 11:14);
- Que o julgamento dos vivos começa em 11/09/2001, começando pela IASD, a quem a porta da graça fechará antes de fechar-se para o mundo;
- Que a Chuva Serôdia começou a cair desde 11/09/2001;
- Que a descoberta dos 2520 é uma parte vital da “nova luz” trazida a nós pela Chuva Serôdia;
- E que os 2520 são, portanto, uma “mensagem de teste” para os Adventistas do Sétimo Dia. Aqueles que aceitarem os 2520 estarão deste modo recebendo a chuva serôdia e eficazmente passando o processo de inspeção do julgamento dos vivos; e aqueles que rejeitarem os 2520 estarão rejeitando a chuva serôdia e, assim, falhando em suportar o julgamento dos vivos. A porta da graça está se fechando individualmente para Adventistas do Sétimo Dia e, finalmente, para o corpo corporativo pela sua aceitação ou rejeição dos 2520 e do cumprimento do pacote de ideias listada acima.
Estas são grandes e graves afirmações. Se verdadeiras, então a igreja está atualmente passando pelo julgamento dos vivos e fechando a porta da graça por falhar em receber a “nova luz” oferecida pelo movimento dos 2520. Assim, podemos esperar ver aqueles que oferecem esta mensagem à IASD sentirem-se justificados em separar-se da igreja por causa de sua rejeição da “mensagem da chuva serôdia”. Se falso, então o movimento dos 2520 é um engano desorientado calculado para desviar nossa atenção da real mensagem da chuva serôdia.
Então, constitui os 2520 a mensagem da chuva serôdia? É esta a mensagem do selamento? É a mensagem do julgamento que decide os destinos eternos?
Ellen White claramente identifica que mensagem é que eventualmente constituirá “a chuva serôdia” e “o alto clamor.” A citação a seguir é um resumo inspirado que dificilmente pode ser mal interpretado:
“Em Sua grande misericórdia, enviou o Senhor preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos Pastores Waggoner e Jones. Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Apresentava a justificação pela fé no Fiador; convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus. Muitos perderam Jesus de vista. Deviam ter tido o olhar fixo em Sua divina pessoa, em Seus méritos e em Seu imutável amor pela família humana. Todo o poder foi entregue em Suas mãos, para que Ele pudesse dar ricos dons aos homens, transmitindo o inestimável dom de Sua justiça ao impotente ser humano. Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida.” (Testemunhos para Ministros p. 91).
Esta abrangente afirmação revela pelo menos 10 componentes da mensagem da chuva serôdia e do alto clamor:
- A cruz como o foco preeminente: “Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado…”
- O alcance universal da cruz fazendo expiação por todo pecado: “… o sacrifício pelos pecados de todo o mundo”.
- Justificação pela Fé: “Apresentava a justificação pela fé no Fiador…”
- Obediência a todos os mandamentos de Deus como manifestação da Salvação e não como base da salvação: “… convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus”.
- A Divindade dAquele pendurado na Cruz: “Deviam ter tido o olhar fixo em Sua divina pessoa…”
- Os méritos de Cristo como todo-suficientes para a salvação: “… em Seus méritos…”
- A imutável qualidade e alcance universal do amor de Deus: “… Seu imutável amor pela família humana”.
- O tema do Grande Conflito: “Todo o poder foi entregue em Suas mãos…”
- A justiça de Cristo como um presente gratuito: “transmitindo o inestimável dom de Sua justiça …”
- Nós, seres humanos, somos impotentes para obter a justiça (salvar-nos a nós mesmos): “ao impotente ser humano”.
Posteriormente, em Testemunhos para Ministros, quando fala da rejeição da mensagem da chuva serôdia, ela claramente define sua essência prática:
“A verdadeira religião, a única religião da Bíblia, que ensina o perdão somente pelos méritos de um Salvador crucificado e ressurreto, que advoga a justiça pela fé no Filho de Deus, tem sido desprezada, contra ela se tem falado, tem sido ridicularizada e rejeitada. É denunciada como levando ao entusiasmo e ao fanatismo. Mas é a vida de Jesus Cristo na alma, é o ativo princípio do amor comunicado pelo Espírito Santo.” (Testemunhos para Ministros, p. 467).
Quando destilada para sua essência básica, ela viu na mensagem de 1888 o início da decorrência prática da verdade da Justiça Pela Fé, ou o que ela chamava de “ativo princípio do amor comunicado pelo Espírito Santo.” O amor de Deus é o princípio ativo operável no evangelho. Em outras palavras, o evangelho desenvolve-se como “o ativo princípio do amor”. Este era o núcleo vital da verdade que ela ouviu vindo da pregação de Jones e Waggoner. Ela discerniu nos sermões deles a eficaz combinação de fé e amor, pelos quais o agente humano pode apropriar-se da justiça de Cristo na atual experiência de vida. O amor de Deus revelado em Cristo sobre a cruz era e é o “ativo princípio do amor” em ação como uma realidade prática: em outras palavras – Ele deu Sua vida em ministério pelos outros. Quando recebido, o evangelho impacta a maneira em que vivemos com relação aos outros, pois isto suscita fé em nossos corações, pela qual nós somos motivados e habilitados a viver em ativo ministério pelos outros; p. ex.: apoderar-nos da justiça de Cristo. Resumidamente, justiça vem pela fé, e a fé opera pelo poder do amor de Deus e é manifesta em práticas manifestações de amor. Fica claro, então, que o “amor” do qual as Escrituras falam não é o “amor” fraco, egoísta (que satisfaz o próprio eu) de que o mundo fala, mas em vez disso é a “cruz”; é o entregar a sua vida em serviço de outros. Os dez pontos delineados em Testemunhos para os Ministros, p. 91 são a estrutura teológica que dá suporte e explica este resultado prático experimental.
Este é o ângulo prático. Agora, o que podemos esperar que seja a decorrência escatológica da
mensagem?
Depois de esboçar estes componentes cruciais da mensagem de 1888, ela claramente afirma:
“Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida.”
Então sabemos o que o Alto Clamor é, e sabemos o que a mensagem da chuva serôdia é. É a terceira mensagem angélica, a qual ela viu como que englobando a primeira e segunda mensagens angélicas, também; e as três mensagens juntas constituem um pacote combinado de verdades que finalmente irão compor o alto clamor. Os componentes básicos são:
— o evangelho eterno, que apresenta a Cruz de Cristo como a revelação definitiva do caráter de Deus em resposta a todas as falsas acusações feitas contra Ele pelo Inimigo e seus aliados terrestres; à luz do evangelho, o mundo é chamado a “temer a Deus e dar-Lhe glória” enquanto anunciando a hora do julgamento e dando atenção especial ao poder criativo de Deus e ao Sábado que simboliza este poder.
— a queda de Babilônia sob o peso do Evangelho, pelo qual toda confusão religiosa e falsos sistemas de doutrina perdem sua credibilidade, abrindo os corações humanos a conhecer e a adorar o primeiro e único Deus verdadeiro por quem Ele realmente é.
— o surgimento na história de um povo que, esclarecidos pelo evangelho, voluntariamente guardam os mandamentos de Deus pela fé de Jesus, assim estabelecendo o que Ellen chamou de “o ativo princípio do amor” na experiência dos adoradores de Deus; aqueles que não participam da fé de Jesus dar-se-ão a si mesmos ao falso sistema de adoração que é caracterizado pela coerção em vez do amor.
Uma vez que as três mensagens angélicas são compreendidas a dar clareza como de raio laser sobre o amor não coercivo de Deus como a única e legítima premissa da verdadeira adoração, em contraste com o sistema de adoração com base no mérito e restrição de liberdade de Babilônia, nós podemos então compreender que Ellen White definiu a essência das três mensagens angélicas como justificação pela fé:
“Vários me escreveram, indagando se a mensagem da justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e tenho respondido: ‘É a mensagem do terceiro anjo, em verdade’.” (Testemunhos Seletos vol. 1 p.372).
Em suma, a mensagem de justificação pela fé ensina seres humanos a descansar com total confiança nos méritos de Cristo para salvação, assim originando no coração o “ativo poder do amor” que, sozinho, é capaz de gerar no crente uma qualidade de adoração e obediência prestadas livremente que são dignas do caráter de Deus.
A crise final da história humana terá como centro esta verdade de tão profunda significância, capaz de moldar e revelar o caráter. Esta mensagem tomará seu formato final quando o Sábado e o Domingo forem trazidos a conflito como um teste global de consciência.
A observância legislada do Domingo representará uma imagem de Deus restrita de liberdade, que força a consciência, nula de fé e, assim sendo, nula de amor. O Sábado brilhará como um baluarte, símbolo da liberdade, fé e amor e, assim, revelará ao mundo um Deus que salva pela graça somente e que procura apenas uma adoração motivada pelo amor.
E o mundo terminará neste contexto.
Aqui estão questões substanciais que são facilmente compreendidas como constituindo a mensagem crucial que sela a alma humana para a eternidade!
Aqui está a verdade que prova os motivos mais profundos do ser humano e, portanto, podem ser concebidas como um verdadeiro teste final que traz a alma a julgamento!
Aqui estão avassaladoras realidades dignas de serem atendidas pelo poder da chuva serôdia e crescer para um alto clamor que todo o mundo deverá ouvir e decidir!
Conclusão
Um ponto fraco nunca deveria ser tomado para cancelar um ponto forte. Por exemplo, a repetida afirmação bíblica do Sábado do Sétimo dia e a imutabilidade da Lei de Deus não podem ser canceladas por uma única, e menos clara, afirmação em Colossenses 2:16 que diz que não devemos julgar uns aos outros com relação à comida ou bebida ou festivais ou sábados. Não há um bom senso no estudo da Bíblia em escolher o vago ao claro.
Da mesma maneira, temos diante de nós passagens bíblicas que falam de Israel sendo amaldiçoado “sete vezes” (Levítico 26). Construir em cima disto uma profecia dos 2520 que, repentinamente, constitui um verdadeiro teste crucial para o povo de Deus é como construir um massivo edifício teológico de palha.
Primeiramente, não há nada numa leitura clara de Levítico 26 que possa garantir a interpretação de “sete vezes” como um período de maldição profético de 2520 anos.
Em segundo lugar, o termo “sete vezes” é usado em várias ocasiões nas Escrituras para simplesmente indicar perfeição, plenitude, intensidade.
Em terceiro lugar, a Bíblia nunca fala, nem uma vez explicitamente, sobre uma maldição de 2520 anos.
Em quarto lugar, a profecia dos 2300 dias de Daniel 8 e 9, que é muito explícita, fala de 490 anos de provação para Israel em vez de uma maldição, e nos diz que o Messias, na verdade, “confirmaria a aliança” de Deus com Israel e, assim, expandiria Israel para abranger todos que ponham sua confiança Nele.
Em quinto lugar, a reivindicação de que a chamada “profecia dos 2520” constitua uma “verdade de teste”, e parte da mensagem da “chuva serôdia”, é um grande pulo na lógica e um espantoso desvio da verdade que, explicitamente, nos é dita da mensagem da chuva serôdia – nomeadamente, as três mensagens angélicas, que têm como sua essência o evangelho da justificação pela fé, e que tornar-se-á a questão final de decisão de toda humanidade na breve vinda da crise sobre o Sábado x Domingo.
Eu apelo àqueles honestos estudantes da Bíblia que têm pensado, com boa consciência, que as “sete vezes” de Levítico 26 equipara-se a profecia dos 2520, para humildemente reconsiderarem. Deus conhece seus corações. Ele sabe que vocês O amam e desejam a verdade. Ele sabe que vocês têm sinceramente acreditado que existem bons argumentos em favor dos 2520. Mas agora vocês estão vendo fortes pontos que não haviam considerado anteriormente. Tudo bem. É assim que o estudo da Bíblia funciona. Nós exploramos e testamos as ideias trazidas a nós e, se elas não permanecem sob a investigação nós seguimos o Espírito Santo e colocamo-las de lado. Não há humilhação, mas uma piedosa humildade, em colocar de lado uma posição quando nos é demonstrado que ela é insustentável. Por favor, não se sintam na defensiva sobre os pontos que eu lhes trouxe. Não tenho nenhuma intenção em ofendê-los. Sou simplesmente seu irmão em Cristo e um companheiro de estudo da Bíblia. Por isso, tenho apresentado aqui minhas conclusões para sua consideração em oração. Porque vocês são sinceros seguidores de Jesus e honestos estudantes da Bíblia, eu estou esperançoso de que vocês verão que o caso dos 2520 é simplesmente tão fraco para ser mantido, e que a verdade real para este tempo é abundantemente clara.
Obrigado por me permitir dividir isto com vocês.